A luz solar é uma das principais formas de sintetizar vitamina D no organismo pois 90% dela é obtida pela formação endógena nos tecidos subcutâneos, após a exposição à radiação UVB. Apesar da vitamina D estar relacionada ao metabolismo do cálcio e à saúde óssea, nos últimos anos, com a demonstração da existência de receptores da vitamina D em várias células, novas ações da vitamina D foram descobertas, ampliando sua atuação da prevenção ao tratamento de várias doenças crônicas. A vitamina D possui mais de 900 genes-alvos potenciais, portanto, muitas ações biológicas relativas à mesma ainda não foram descobertas. Tanto as enzimas necessárias para a síntese do metabólito ativo de vitamina D quanto seu receptor estão presentes no cérebro, indicando um possível papel da vitamina D na manutenção de suas funções e a deficiência de vitamina D em vários estágios da vida pode estar associada com diversos eventos cerebrais adversos.
Os receptores de vitamina D foram identificados em áreas do cérebro envolvidas com a depressão, como o córtex pré-frontal, o hipotálamo e a substância negra. Portanto, esta vitamina é considerada um neurosteróide. Verificou-se também que a vitamina D aumenta a expressão de genes que codificam a tirosina hidroxilase, que é um precursor da dopamina e da norepinefrina. Verificou-se que o calcitriol desempenha um papel importante nos neurônios em estudos in vitro e in vivo e tem a capacidade de regular fatores tróficos e proteger contra várias lesões.
Artigos mostram uma relação significativa entre os níveis de vitamina D e o quadro clínico de depressão, nos quais os indivíduos com deficiência de vitamina D apresentaram maior risco de desenvolvimento e manutenção do estado depressivo. No estudo de Khan et al. (2022) com 200 indivíduos, sendo 100 com diagnóstico de depressão e 100 saudáveis, verificaram que as concentrações sanguíneas de VD foram considerados suficientes nos indivíduos saudáveis, enquanto as concentrações estevem deficientes nos indivíduos com depressão. Resende e Kristen (2021) em sua revisão de literatura com pesquisa nas bases de dados PubMed e Biremer verificaram a intrínseca relação entre a hipovitaminose D e o aumento da ocorrência de sintomas depressivos em mulheres em 17 dos 30 artigos. O trabalho Santos (2021) indica melhora da saúde mental quando há prática de atividades físicas associadas a ambientes naturais como também a exposição ao fotoperíodo e produção de vitamina D.
A recomendação médica para a deficiência de vitamina D é a exposição solar, como modo de complementar à falta dessa vitamina. E além do sol ser essencial para a manutenção dos níveis de vitamina D, a exposição solar nos horários corretos também aumenta a produção de serotonina que regula o sono, o humor e o apetite e tem um efeito direto sobre a glândula pineal do cérebro, que é a responsável por produzir a melatonina, um poderoso antioxidante, importante para manter a qualidade do sono.
Fonte:
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Associação Brasileira em prol da Saúde Mental na Medicina Veterinária.